Tropa brasileira, a bordo do General Meighs.
Acervo da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil – Seção Brasília
O embarque
Enfim, havia chegado a hora de os pracinhas iniciarem a travessia do Atlântico. Aribides Pereira diz que, no dia 20 de setembro de 1944, seguiram, de caminhão até São Cristóvão, onde dormiram. De madrugada, tocou alvorada. No escuro e em silêncio, embarcaram no trem e seguiram até o cais do porto. Também no escuro, foi iniciado o embarque no navio.
Os primeiros a embarcar permaneceram o dia e a noite seguintes no navio, enquanto os demais pracinhas faziam o trajeto até o cais e embarcavam. Ao amanhecer do dia 22 de setembro, o navio norte-americano General Mann desatracou. O apito foi o sinal do início da jornada marítima.
Pedro Vidal passou pela experiência em 8 de fevereiro de 1945. Diz que, no dia da partida, havia até escola de samba no cais. “Coisa linda! A Estação Primeira de Mangueira e o Salgueiro tocando. Dali a pouco, deu sono. Deitei no beliche e adormeci. Quando fui perguntar para um marinheiro, este disse que o navio já havia desatracado e estava se deslocando para a Itália”.
Ivo Ziegler diz que ficou admirado com o tamanho do General Meighs. “Era como um grande edifício, de cinco andares. A estrutura externa, tanto quanto a interna, era impressionante”.
Taltíbio Custódio diz que fez a travessia no compartimento 404L. Segundo ele, cada compartimento tinha cerca de três metros por três, e era cheio de beliches de lona. “Para caminhar entre os beliches, tinha de ser de lado”.
A alimentação
Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos pracinhas dizia respeito à alimentação servida a bordo. Com um efetivo de cerca de 5.000 militares embarcados, as refeições eram feitas em sistema de rodízio. A cozinha funcionava 24 horas por dia, e não podia ser de modo diferente, pois eram servidas duas refeições diárias para cada homem.
A não adaptação à comida, aliada ao balanço do navio, fez com que muitos dos pracinhas adoecessem logo ao partirem do Rio de Janeiro. Para Taltíbio Custódio, “a viagem foi terrível. Não parava nada no estômago. Quando o navio subia e descia, parecia até que o estômago ia sair pela boca”. Neraltino Santos faz graça ao recordar que “chegava a juntar uns quatro ou cinco soldados em torno de um balde, fazendo rodízio, para vomitar”.
Pedro Vidal estranhou a comida enlatada, fornecida pelos Estados Unidos. Segundo ele, tinha um cheiro forte, mas era insossa, além de ser servida meio fria. “Chegava a sonhar com o arroz e o feijão preto, preparados pela minha mãe”. Pacífico Pozzobon sentiu no corpo a não adaptação à comida. Lembra que, de tão debilitado que estava, para realizar os treinamentos de evacuação rápida do navio, ia se segurando nas paredes.
A luta contra a ansiedade
Vidal recorda que, pela manhã, seguindo a balaustrada, andava da popa à proa do navio para fazer o tempo passar e diminuir a ansiedade. “Tinha dias em que o mar estava agitado, mas, em outros, era só calmaria”. Para ele, a travessia foi desgastante; passou muito mal. Eugênio Lombardo diz que, para passar o tempo, jogavam baralho e assistiam a sessões de cinema.
Para a maioria dos pracinhas, a travessia foi tensa e cansativa. José Pereira recorda que, quando as coisas ficavam muito calmas, para deixar a tropa em estado de alerta, davam alguns tiros de canhão. Era o sinal para os treinamentos de evacuação das cabines e desembarque. Tinham de estar preparados para o caso de torpedeamento ou afundamento do navio. Geraldo Sanfelice recorda que o momento de maior tensão ocorreu por ocasião da aproximação do continente africano e travessia do Estreito de Gibraltar. Segundo soube, ao perguntar para um tripulante, havia fundadas suspeitas de que submarinos alemães ainda operavam na área.
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