Estação Ferroviária de Santa Maria-RS. Local de despedida para muitos dos pracinhas da região central do RS.
Acervo da Fundação Eny
A missão de dar a notícia para a família foi das mais difíceis. Muitos, simplesmente, não tiveram coragem de dizer aos pais que estavam seguindo para a guerra.
Os soldados Aribides Pereira e Eugênio Lombardo, ambos do Regimento Mallet, integrantes do primeiro contingente que saiu dessa unidade, são unânimes ao dizerem que não sabiam que, na verdade, estavam partindo para a guerra. Pereira relata que “nos disseram que estávamos indo para o Rio de Janeiro e que, posteriormente, seguiríamos para guarnecer Fernando de Noronha”. Lombardo recorda que não pôde transmitir a notícia para os pais pessoalmente, pois, somente no Rio de Janeiro, ficou sabendo que iria para a guerra. O jeito foi mandar um telegrama.
Neraltino Flores dos Santos, natural de Tupanciretã-RS, estava servindo no 6º RAM, de Cruz Alta-RS, e não teve a oportunidade de despedir-se pessoalmente dos pais. A notícia de que estava indo para o Rio de Janeiro foi transmitida por carta. Recorda que a mãe ficou muito triste, pois pensava que ele não retornaria vivo da guerra.
Pedro Vidal diz que, antes de seguir para a Itália, recebeu quatro dias para se despedir da família. “Não fui a São Sepé, pois sabia que minha mãe iria chorar muito e, sinceramente, não queria vê-la triste”, relembra.
Ivo Ziegler recorda que a mãe chorava e custava a entender. O pai, mesmo não estando satisfeito com a notícia, sentiu orgulho do filho e encorajou-o. Só restava rezarem juntos.
Segundo Pacífico Pozzobon, a fim de evitar deserções, muitos comandantes restringiram as saídas do quartel. Diz que obteve uma concessão especial do seu comandante de companhia para se despedir da família. Na época, deslocar-se entre as cidades era difícil. Para ir de Santa Cruz do Sul a Santa Maria, tinha de fazer um longo percurso ferroviário, passando por Rio Pardo e Cachoeira do Sul. Em cada estação, havia barreiras policiais. Recorda que o seu pai queria os filhos sempre à sua volta, e nem cogitava a hipótese de um filho seu ir para a guerra. Por isso, não conseguiu dar a notícia aos pais. Despediu-se com tristeza, depois de um dia que custou a passar. Somente ao irmão mais velho, na despedida, confiou a decisão. Pediu que não transmitisse a notícia antes do embarque definitivo, no Rio de Janeiro.
Havia, ainda, aqueles que, além de dar a notícia à família, tinham de transmiti-la à mulher amada. Dalla Costa lembra que ele e a noiva ficaram muito tristes, pois a data do casamento estava marcada e se aproximava. Por isso, não fazia questão de ir à guerra, mas, enfim, como a Pátria chamava, não impôs resistência. Diz que sua noiva, Amélia, chorou muito, e por mais que ele garantisse que voltaria para se casarem, não se conformava. “Despedir-me dela foi muito difícil, apesar de ela prometer que me esperaria”. José Pereira não teve a mesma sorte, pois, ao saber que se voluntariara para ir para a guerra, sua noiva desfez o compromisso. Em ambos os casos, o destino foi bondoso: ao retornarem da guerra, acabaram casando com suas amadas.
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Relembrando Histórias – Falei, hoje, com a neta do Veterano José João Pereira. Infelizmente não consegui falar com o próprio, pois, prestes a completar 99 anos (em janeiro) de vida, está com certa dificuldade de falar ao telefone. Segunda informação recebida, está muito bem de saúde. Que Deus lhe conceda muita saúde e muita paz em 2014.