Pavilhão de comando do 5º RAM, em Santa Maria. Acervo pessoal de Aribides Rodrigues Pereira
As Organizações Militares sediadas em Santa Maria-RS tiveram participação na II Guerra Mundial, com cerca de 270 militares. Do 5º Regimento de Artilharia Montada (5º RAM) – Regimento Mallet – partiram 153 militares para os campos da Itália.
A Infantaria Divisionária da 3ª Divisão de Infantaria – Divisão Encouraçada – teve participação, no teatro de operações europeu, com um efetivo de 98 militares, integrantes do 7º Regimento de Infantaria (7º RI) – Regimento Gomes Carneiro – e do 3º Batalhão do 7º RI , que, em 1944, havia sido transferido de Santa Maria para Santa Cruz do Sul-RS.
O 3º Batalhão de Carros de Combate, que, em 22 de setembro de 1944, chegara a Santa Maria, procedente da Capital Federal, contribuiu com 16 militares.
Quando o Brasil declarou guerra aos países do Eixo, o licenciamento dos soldados que estavam prestando o serviço militar foi suspenso. Além disso, militares que haviam sido licenciados em anos anteriores (reservistas) e jovens que ainda não haviam prestado o serviço militar foram convocados, como parte dos esforços do Exército visando à mobilização para a guerra.
Dentre os militares que estavam na ativa, o Soldado Aribides Rodrigues Pereira, que havia incorporado no 5º RAM, em 1942, lembra que o comandante do Regimento deu a notícia à tropa: “O Brasil está em guerra. Não se surpreendam quando chamarem gente. É bom que estejam preparados”. Certo dia, o Comandante da sua Bateria reuniu o seu efetivo e disse que havia chegado a hora de mandar gente para o Rio de Janeiro, onde o Brasil estava se preparando para a guerra. Queria voluntários; esses teriam preferência. Aribides diz que foi o primeiro integrante da Bateria a acusar-se como voluntário. Afinal, amadurecera esta ideia e havia chegado a hora de confirmar sua intenção. Seguiram-se mais sete voluntários. Naquela leva (a 1ª), foram destacados oito voluntários de cada Bateria, totalizando vinte e quatro, no Regimento Mallet.
Geraldo Antonio Sanfelice, que havia sido soldado do 7º RI nos anos de 1940 e 1941, estava entre os reservistas convocados. Recorda que recebeu a carta de convocação para integrar a FEB das mãos do Cabo Valter Freitas, que viria a ser seu cunhado depois da guerra. Este lhe disse: “Tu vais ter de ir a Santa Maria, te apresentar no quartel; foste convocado para a guerra”. Recebeu a notícia com naturalidade. Esse sentimento foi compartilhado pelos seus pais. Afinal, era tempo de guerra, e sabiam que, a qualquer momento, isso poderia acontecer. “Tu vais e que Deus te acompanhe”, disse-lhe o pai, ao receber a notícia.
Dentre os que não haviam prestado o serviço militar, Pedro Solano Vidal residia na cidade de São Sepé-RS e estava prestes a completar 22 anos quando da sua convocação para a FEB. “O pessoal do Exército foi buscar os 18 convocados do município com um caminhão. Seguimos para Santa Maria, onde iniciaríamos a preparação no 7º RI”, comenta. Para ele, tudo era novidade. Diz que não aceitou de bom grado a ideia de ir para a guerra. Foi contrariado, mas, enfim, tinha de cumprir o seu dever. “Tu queres ir para a guerra?, perguntavam. Ninguém, em sã consciência, diria com convicção ‘sim, eu quero!’ Saía um ‘é… quero’, meio sem graça. Também não adiantava dizer que não, pois iria de qualquer modo. Então, era bom não se destacar negativamente…”.
Nos depoimentos transcritos, estão retratados modos diferentes de enfrentar o problema que levava aflição aos jovens pracinhas. A incerteza do que os esperava, entretanto, não foi suficiente para que deixassem de atender ao chamado da Pátria. No entanto, nem sempre era assim, pois muitos jovens convocados não atenderam a esse chamado. Outros tantos convocados deram um jeito para não terem de ir para a guerra.
Geraldo Sanfelice recorda que teve quem se escondesse no mato, ao saber que estavam entregando a carta de convocação, para não precisarem recebê-la. Outros, mesmo recebendo a convocação, deixaram de se apresentar no quartel. Alegavam que não iriam para uma guerra que não lhes dizia respeito, menos ainda para morrerem longe de casa. Um conhecido seu, para não ir à guerra, extraiu dois dentes incisivos superiores, pois soubera que os convocados que apresentassem problemas médicos ou odontológicos seriam dispensados na inspeção de saúde.
Pedro Vidal diz que, a qualquer momento, deserções podiam acontecer. Após a parada para o almoço, na estação de Cacequi-RS, teve quem não retornasse ao trem. “Mesmo no Rio de Janeiro, na hora do embarque, teve gente que desertou. As notícias sobre a guerra, divulgadas pela propaganda nazista, impunham medo; mesmo assim, o sentimento de cumprir o dever cívico foi mais forte, e muitos atenderam ao chamado da Pátria”, conclui Taltíbio de Melo Custódio.
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Parabéns pela iniciativa, vamos acompanhar os demais capítulos
Otimo post.
meu avo tambem foi a Italia pelo Exercito. inclusive tenho a medalha de comemoraçao guardada na casa da minha avo.
Ele levou 2 tiros, um no pé e outro na cabeça..e SOBREVIVEU !