Acervo de Ivo Ziegler
Ivo Ziegler lembra que a chegada do carteiro era motivo de grande alegria. Todo mundo se reunia em volta dele, que chamava os premiados pelo nome e entregava as correspondências. Às vezes, as correspondências eram entregues pelos sargentos, no front. “Podíamos escrever cartas, mas os assuntos da guerra não podiam ser detalhados. Havia controle de informações, a fim de não permitir que as cartas, se interceptadas pelo inimigo, denunciassem a nossa localização”. Lembra que recebeu e escreveu poucas cartas, e que elas demoravam muito para chegar.
Para Aribides Pereira, as cartas e notícias de casa eram raras. Diz que recebeu somente duas cartas da família, durante todo o período em que esteve na Itália. Alega que as novidades chegavam com defasagem de quase dois meses, pois as cartas, uma vez entregues ao serviço de correios, no Brasil, tinham um longo caminho a percorrer até chegarem às mãos do destinatário, muitas vezes na frente de combate.
Neraltino Santos escrevia muitas cartas. As funções de sacristão e ordenança proporcionavam bastante tempo livre. Além disso, dispunha de uma mesa, o que facilitava bastante. “Na primeira carta que mandei de Pisa, anexei uma fotografia que tirei, segurando uma gaita. Nunca toquei gaita, mas, como minha mãe havia ficado muito triste quando parti para a guerra, queria que ela visse que eu estava alegre e bem por lá. Por isso, mandei essa foto”. Acrescenta, a título de curiosidade, que a gaita era do barbeiro, que, nas horas sem trabalho, alegrava o acampamento com a sua música.
Pedro Vidal confirma que, quando da chegada do carteiro, “acontecia uma festança” no acampamento. Cartas de familiares, jornais e revistas enviados pela LBA eram muito disputados.
O jornal A Razão, fugindo da rotina dos despachos dos correspondentes nacionais e das agências internacionais, em 24 de dezembro de 1944, reproduziu carta enviada pelo cabo Altamir Mesquita do Amaral ao amigo Cipriano Cimas, do Hospital Militar de Santa Maria.
“É com grande prazer que lhe envio esta, daqui ‘da linha de frente’ do 5º Exército, onde fico pedindo a Deus para que vá encontrá-lo em meio à mais ampla saúde e felicidade, junto a todos que lhe são caros.
Enquanto (sic) a nós, aqui, já cansados de correr atrás de alemães, nos encontramos muito bem, com ótima saúde, absoluta disposição e pleno vigor, para prosseguir até o fim da missão que nos foi confiada. Assim, envidaremos todo o esforço, sem avaliar sacrifícios, para vingar os ultrajes que sofremos pelos piratas totalitários. Como por certo o amigo leu nos jornais, já tivemos vários encontros com ‘eles’, mas acabam correndo sempre, pois, desde o menor ao maior encontro, são sempre massacrados.
Por toda a parte que andei, nada vi mais importante do que o nosso Brasil. O panorama triste da costa africana, quase sem vegetação e os confins da Espanha. O fim da viagem foi Nápoles, a grande cidade do Mediterrâneo, transformada em ruínas, consequência da guerra. Bem próximo dessa cidade, tive a oportunidade de ver o Vesúvio, o grande vulcão onde morreu Silva Jardim.
Atravessamos quase toda a Itália, até encontrarmos a ‘caça’.
Tenho recebido muitas cartas daí. Ainda no Rio, escrevi ao Amauri Dela Porta, mas não obtive resposta. Por seu intermédio quero transmitir a todos os baixados e embromadores o meu abraço.
Desejo-lhes, a todos os amigos, boa sorte, esta origem do 7º R.I. – (a) Cabo Amaral”.
|
LONGA JORNADA com a FEB na Itália – Convocação para a Guerra
LONGA JORNADA com a FEB na Itália – Voluntários para a guerra
LONGA JORNADA com a FEB na Itália – Verificando a saúde
LONGA JORNADA com a FEB na Itália – Despedida da família
LONGA JORNADA com a FEB na Itália – Começa a Longa Jornada
LONGA JORNADA com a FEB na Itália – A Caminho do Rio de Janeiro
LONGA JORNADA com a FEB na Itália – Preparativos para a guerra
LONGA JORNADA com a FEB na Itália – A travessia do Atlântico
LONGA JORNADA com a FEB na Itália – Chegada ao cenário da guerra
LONGA JORNADA com a FEB na Itália – A caminhada em solo italiano
LONGA JORNADA com a FEB na Itália – Adaptação e treinamento
LONGA JORNADA com a FEB na Itália – Seguindo para o front
LONGA JORNADA com a FEB na Itália – Contato com o inimigo
LONGA JORNADA com a FEB – Ações em combate: Porreta Terme
LONGA JORNADA – Ações em Combate: Montese
Longa Jornada: Ações em combate – de Collecchio a Fornovo
LONGA JORNADA com a FEB na Itália: Fornovo Di Taro
LONGA JORNADA com a FEB na Itália: Vítimas da Guerra
LONGA JORNADA com a FEB na Itália: Contato com a População
LONGA JORNADA com a FEB na Itália: A vida no acampamento
LONGA JORNADA com a FEB na Itália: Cartas e notícias
LONGA JORNADA com a FEB na Itália: A fé como suporte
LONGA JORNADA com a FEB na Itália: Salário e fontes de renda
LONGA JORNADA com a FEB na Itália: Enfim, a vitória
LONGA JORNADA com a FEB na Itália: Andanças pela velha bota
LONGA JORNADA com a FEB na Itália: Novamente, o Atlântico
LONGA JORNADA com a FEB na Itália: De volta à Pátria
LONGA JORNADA com a FEB na Itália: De volta à vida civil
LONGA JORNADA com a FEB na Itália: Notícias desalentadoras
LONGA JORNADA com a FEB na Itália: Reaprendendo a andar
Bom livro!!
MUITO BOM, FICOU FELIZ EM SABER , K A HISTORIA DESTES HOMENS SIMPLES, SÃO DIVULGADOS. PARABÉNS.