A Federação Israelita do Estado de Minas Gerais – FISEMG e o Instituto Historico Israelita Mineiro – IHIM, realizaram em 11 de maio de 2017 no Centro Comunitario Associação Israelita Brasileira – AIB, na Rua Rio Grande do Norte 477, com apoio da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira, ANVFEB-MG, o Lançamento do Livro e Longa Documentario em DVD Estrela de David no Cruzeiro do Sul.
“Quero agradecer as entidades promotoras, FISEMG e IHIM, com apoio da ANVFEB, pela importante iniciativa de promover este ato de Dever de Memória, de que todos aqui participamos como brasileiros orgulhosos da nossa cidadania e nossas raízes, que nos legaram uma herança espiritual variada e de profundo significado, digna de ser honrada e transmitida as futuras gerações.
Estamos na terra de Tiradentes e Tancredo. As Minas Gerais, no dizer do poeta “ o peito de ferro onde palpita um coração de ouro ” – o berço dos Inconfidentes, que empresta profundo capital simbólico, para o ato de recordação que realizamos nessa noite.
Porque aqui Tiradentes, aquele herói inebriado pela esperança, lançou seu grito de revolta, levantando a bandeira com a inscrição “Libertas Quæ Sera Tamen” – “liberdade ainda que tardia“, como símbolo máximo de resistência.
Os combatentes do gueto também levantaram uma bandeira, que tremulou durante um mês desafiando o opressor. Apenas a cor era diferente, azul e branco, porque os ideais libertários eram os mesmos.
E há exatos 72 anos, inspiradas por imensa herança de bravura e desprendimento, as forças brasileiras de terra, mar e ar souberam fazer frente a uma ideologia equivocada, e juntamente com as Nações Aliadas, alcançaram a Vitoria na Europa sofrida.
Tanto Tiradentes quanto Tancredo deixaram este mundo em um mesmo 21 de abril, e assim como o nosso Grande Patriarca Moises, não tiveram a gloria de entrar na Terra Prometida, legando para as gerações futuras o seu sonho, que afinal se realizou.
A Coroa não conseguiu resistir por muito tempo explorando a colônia, e assim o Brasil veio a se tornar uma grande nação. Dois séculos se passaram, o Brasil, pais pacífico, ainda rural, agrícola e extrativista, foi atacado sem aviso pela mais poderosa super-potência militar da época, utilizando o submarino, arma ultra-moderna para a qual não tinhamos defesa, custando as vidas preciosas de centenas de brasileiros.
Novamente, inocentes foram vitimados pela intolerância, o desejo de dominação, por uma ideologia equivocada racista e cruel. Sob clamor popular, o Presidente Vargas declarou o estado de beligerância com as nações do Eixo, enviando a Força Expedicionária Brasileira para combater do outro lado do mundo. Ainda hoje seria uma façanha impressionante, o que dizer naquela época,
O destino era incerto, sem saber se um dia voltariam, mas os pracinhas seguiram na certeza de que estariam combatendo pela liberdade e democracia, do Brasil e do Mundo ameaçado pelo nazi-fascismo.
Centenas de nossos bravos soldados, marinheiros e aviadores fizeram o sacrifício supremo da própria vida na luta para ajudar a libertar o mundo do nazi-fascismo.
Ao mesmo tempo, em 1943, enquanto o Brasil se preparava para a guerra, em Varsóvia um punhado de jovens decidiu resistir contra o inimigo nazista. Desde que Spartacus se levantou contra as mais poderosas legiões romanas, o mundo não havia testemunhado nada igual. Eram poucos contra muitos, vinte séculos depois, entrando para a história ao lado de Eliazar ben Yair, Simon Bar-Kochba, o Filho da Estrela, e Rabí Akiva, lideres da resistencia judaica contra a Roma pagã.
Durante 27 dias, suas bandeiras tremularam sobre Mila 18 e a Praça Muranowska, no único território livre da Europa dominada. Os bravos e desesperados combatentes do gueto jamais se renderam, escrevendo uma página de ouro da História Universal, mas a sua luta ainda não terminou, porque hoje, novas legiões de fanáticos ainda ameaçam a humanidade
Os mil anos do infame Terceiro Reich não passaram de 11 dolorosos anos para a Humanidade, até ser destruído, em Stalingrado, Bir Hakim,Tobruk, no Levante do Gueto, nas praias do Dia D, em Montese, Monte Castello, La Serra, Fornovo.
Mas hoje o mundo parece não ter aprendido a lição, o quanto custou para a Humanidade a luta contra o totalitarismo, racismo e preconceito. Há que combater sem trégua toda e qualquer manifestação de intolerância,como o neonazismo, o terrorismo fundamentalista, e falácias como a negação do Holocausto.
Transcorridos 72 anos da Vitória, o passado não pode ser simplesmente esquecido, por isso estamos aqui reunidos nessa Casa.
Finalizando estas breves palavras, quero agradecer a FISEMG, IHIM e a ANVFEB-MG por ter nos concedido o privilégio de estar aqui nessa noite de recordação, divulgando nosso trabalho junto com Daniel Mata Roque, produtor do documentrio que iremos assistir, ESTRELA DE DAVID NO CRUZEIRO DO SUL, que conta um pouco da Historia do Brasil, dos cristãos-novos, da FEB, do CPOR, do Senta-a-Pua, da Marinha do Brasil, Marinha Mercante, da presença judaica desde a chegada das caravelas de Cabral, até as forças de paz no Haiti”.